domingo, 4 de julho de 2010

Redes sociais, no final, o que fica?

 

Nem eu e nem ninguém, mesmo que seja hábil na futurologia, vai conseguir traçar os limites do rumo que as redes sociais está tomando. Acho que estamos diante de uma coisa sem horizonte…Isso gera uma sensação de vazio, uma insegurança, por não enxergar o destino deste caminho. A minha sensação é que não há destino, só o momento e esta é uma nova condição de viver em sociedade.

Faz tempo que acompanho as discussões sobre as redes sociais, as construções colaborativas, a Sociedade da Informação e em dado momento, essas prosas nos passam uma ideia de ‘vale tudo”. O ufanismo brasileiro se arroga campeão do Orkut, lider no Twitter,  e…??????  Como diria minha avó, que vantagem Maria leva???

Dai dia desses assisti às provocações de Renné de Paula Jr, em um debate na USP. Ele partiu de um exemplo concreto, um notebook da Apple. E perguntou à plateia: “Por que essa marca não pode ser copiada? Por que o Iphone ainda não tem similares? Por que o Google é um exemplo de empresa mundial que mais cresce?

A resposta que ele propôs à plateia é que em ambos os exemplos há CONTEÚDO. Gente competente, bem formada, aplicando estudo, técnica e conhecimento no meio web. E para que serve o status de “campeão” do Twitter ou do Orkut ?  Gente, fica cada dia mais claro que a gente precisa buscar conteúdo nesses ambientes, e também postar conteúdo, porque senão vamos nos tornar um bando de cãezinhos graciosos correndo atrás do próprio rabo, sem propósito e sem direção. Renné observa que no Orkut estão muitas manifestações afetuosas, onde um grupo de pessoas que se relaciona, se elogia mutuamente e troca postagens de fotos, por exemplo. Ele lembra também que tem muita gente desocupada e sem conteúdo nesses ambientes, e tem muita gente com conteúdo que está fora desses ambientes, por absoluta falta de tempo. Quem tem conteúdo, geralmente não está nessas redes ….

A Língua Portuguesa, por exemplo, é massacrada pelas expressões que ganham audiência, o que me faz crer que Renné tenha razão. Comecei a botar reparo em uma expressão que me deixou chocada. Se a expressão “ COM CERTEZA”, na prosa já é chata  de ouvir, imagine a forma corrompida que ganhou espaço nessas redes sociais, transformando em uma palavra só – “concerteza”, na forma escrita. Demorei a perceber que essa forma era de uso corrente entre a galerinha…Difícil ver a língua pátria ser deformada assim, por uma audiência que emburrece.

Eu não tenho a menor condição de adivinhar ou prever o que vai acontecer com as redes sociais ou com o mundo de amanhã, mas eu posso propor que procuremos atingir o ranking dos melhores conteúdos, Que possamos olhar para TODOS os contextos de forma crítica. Se você é jornalista, saiba que as pessoas estão copiando o que você fala na TV ou no rádio, que escreve no jornal, na revista ou no seu blog.

Se você é espectador da TV, ouvinte do Rádio ou leitor de qualquer ordem, preste atenção, pois você pode estar sendo enganado. Você pode estar comprando “gato por lebre”. Use seu controle remoto, pelo menos para diversificar suas fontes de informação. Use o comando do rádio para ver o que a emissora da frequência ao lado está transmitindo, coloque em xeque seus hábitos de leitura, inclusive na internet. Não saia por aí copiando os “concerteza”, pois ao preservar a língua pátria, a gente começa a exercer a Cidadania,  conceito ainda tão vago no país campeão de inscritos do Orkut…